quinta-feira, 3 de maio de 2007

3 Lisboa - Segundo dia : a maratona


Caminhada de João e Elba até o Parque Eduardo VII

Abrimos o dia, eu e Elba, saindo num frio de 10 graus para caminhar até o Parque Eduardo VII. Somos cobra em identificar áreas verdes nos mapas.

Subimos a nossa rua, num frio arretado, mas também com um nível de excitação e curiosidade enorme. Elba, como sempre, vai na frente, pois o ritmo natural dela é acelerado. Eu, um pouco mais atrás mas firme e forte (cof.....cof).

Nos surpreendeu a ausência de pessoas no parque. Só encontramos um pequeno grupo de japoneses fazendo Tai-chi-chuan , uma mulher passeando com um cão e mais nada. O Parque é grande e cheio de elevações, saímos andando por todo ele. Depois de 30 minutos andando acelerado, sua mãos já começam a aquecer e aí fica tudo muito agradável.

Elba, havia sonhado com essa viagem por anos e foi pelo menos um ano ou mais de planejamento, poupança, incertezas e determinação. Dezenas de revistas lidas, sites visitados, dicas com colegas e tudo mais.

Deu para perceber que o nosso ritmo era de quem queria sorver com intensidade aqueles momentos.

Chegamos no Hotel, descendo pela Avenida Liberdade e fomos direto para o café, onde lá já estavam Tonho, Fabiana e Norma.

O café é simplesinho, mas dá para quebrar um galho. Atendia-nos um casal idoso e muito atencioso. Aliás, o atendimento na recepção é excelente. O Antônio e o Carlos, dois gajos com seus 35 -40 anos, eram extremamente atenciosos e brincalhões. O Antônio me pegou numa logo assim que cheguei. Como estava chovendo eu perguntei:

- Você acha que amanhã vai ter sol?

E ele na bucha;

- Mas aqui em Lisboa tem sempre sol, o que acontece é que em alguns dias ficam nuvens entre o sol e Lisboa.

Caímos todos na risada.

Quando fazíamos uma pergunta sobre como ir a algum lugar ele tirava um mapa e nos explicava detalhadamente, só parando quando tinha a certeza de que havíamos compreendido. Houve um momento que, no meio de uma explicação, chegou um casal americano que estava de saída do hotel, e Carlos ficou imperturbável, terminando a explicação. Achei muito interessante aquele profissionalismo.


O Castelo de São Jorge.

Nosso passeio começou pegando o ônibus na Praça da Figueira, a poucos metros do nosso hotel, para irmos ao Castelo de São Jorge, imponente construção, que olha, dia e noite, o centro de Lisboa. Dava para vê-lo da janela do meu apartamento. Tirei tanta foto dele que gastou um pouco as muralhas.

O lugar é realmente privilegiado para se vê Lisboa. Andamos, sem pressa, curtindo o momento. O clima de 17-18 graus estava agradável com o sol aberto.

Norma firme e forte, não abria para escadaria nenhuma. Houve uma escada, entretanto, que é uma espécie de armadilha para turista. Depois de andarmos todo o Castelo, já quando estamos voltando, há uma bela e enorme escada de pedras nos convidando para descer. Imaginávamos que, como todos os caminhos do castelo, lá embaixo derivaria para a saída. Quando estávamos já no final dela Fabiana percebe que não há saída, ou melhor há mais subindo de volta centenas de degraus. Paramos no meio para descansar e tomar água e nos mandamos de volta.

Tendo dado por visto o Castelo de São Jorge, que é uma visita obrigatória em Lisboa, tomamos um sorvete, um bolo de bacalhau e uma cerveja e saímos caminhando pelas ruelas para a Feira da Ladra , uma atração que só acontece nas terças e o livro recomendara a visita.

Veja as fotos do Castelo aqui >>>
Vista de Lisboa aqui>>>
Veja os filmes do Castelo:
Filme 1 aqui >>>
Filme 2 aqui >>>
Filme 3 aqui >>>
Filme 4 aqui >>>
Filme 5 aqui>>>

Se tiver saco, e gostar muito de fotos, veja o meu ensaio fotográfico, realizado da janela do meu apartamento, sobre o Castelo e sua vizinhança.
Fotos aqui >>>


Novas fotos de Tonho do Castelo , clique na imagem abaixo:

Castelo Sao Jorge - Fotos de Antônio Carlos Reinaux


A Feira da Ladra.

È uma espécie de feira do troca-troca com muitas coisas fracas, mas algum artesanato bom, e ainda uma área de livros raros, que é o que a salva. Mas a grande maioria é roupa usada, tomada de ferro, chave velha, aro de tampa de penico e por aí vai.

Veja os filmes da Feira

Filme 1 aqui >>
Filme 2 aqui >>>

O melhor que eu achei da Feira foi tomar o bonde para sair dela e irmos até a Praça do Comércio para de lá pegarmos o 15, era esse o número do ônibus que nos levaria até Belém.

O passeio no bonde é arretado, pequenininho mas funciona que é uma beleza. Vejam o vídeo abaixo.

Vídeo Bonde Feira da Ladra aqui >>>

Veja as fotos da Feira aqui >>

Fotos de Tonho da Feira da Ladra, clique na imagem abaixo:

Feira da Ladra, Lisboa - Fotos de Antônio Carlos Reinaux


Belém

É uma bela cidade vizinha de Lisboa, colada mesmo. Lá tem o imponente Mosteiro dos Jerônimos, a Torre de Belém, um Centro Cultural enorme, que depois soube, foi construído quando Portugal tinha um representante como presidente do Parlamento Europeu.

Não posso deixar de citar os famosos pastéis de Belém, que é feito a Mona Lisa, num tem a mínima importância dentro do contexto da cidade como um todo, mas tem um marketing de lascar e aí já viu, a turistada corre toda para lá.

Bem, iniciamos pelo Mosteiro dos Jerônimos que é algo impressionante pela beleza interna dele.

Veja as fotos dos Jerônimos aqui>>>.


Fotos de Tonho do Jerônimos, clique na imagem abaixo:

Mosteiro dos Jerronimos - Fotos Antônio Carlos Reinaux


Na saída havia uma moça em uma barraca para dar informação a turistas. Eu não sei se ela havia brigado com o namorado ou se tinham passado à mão no pastel de Belém dela, só sei que estava com um mau humor arretado. Resultado: por conta de uma má informação andamos mais do que devíamos. Nossa sorte foi uma velhinha que vinha na direção contrária e nos orientou. Tínhamos que voltar e passar por baixo de um túnel para chegar até o monumento dos descobridores e de lá pegar a reta para a Torre de Belém.

A essa altura, em decorrência do cansaço e da fome, eu já estava começando a ficar de mau humor, pois um bolinho de bacalhau não é coisa que sustente sujeito nenhum, muito menos um cara avantajado e guloso como eu. Mas, vamos em frente, estamos em grupo e não podemos atrapalhar o astral dos outros. Afinal a velhinha já nos havia dado a direção certa e em pouco tempo estaríamos na Torre de Belém. Há! Se pelo menos lá fizessem os danados dos pasteis?? Mas o quê! Os pasteis era bem no começo, um pouco antes do Mosteiro dos Jerônimos, ou seja teríamos que andar tudo de volta para chegar até eles.

Finalmente chegamos na beira do Rio, logo embaixo do belo monumento dos descobridores, tudo muito bonito. O sol refletindo-se no rio, que de tão largo parece um mar, formava uma cenário ideal para se tirar boas fotos. E foi o que fiz, andamos na direção da torre, do lado esquerdo o rio e do lado direto vários barcos ancorados. E nós ali no meio daquele calçadão.

A fome até que se aquietou, pois afinal a Torre de Belém estava quase ali na nossa frente. Quando faltavam alguns metros para chegarmos até ela ... outra surpresa: só poderíamos passar daquele ponto nadando, pois entre nós e a torre havia um canal artificial por onde os barcos entravam e saiam para o rio.

Teríamos que, mais uma vez, voltar todo percurso que andamos, fazer a volta por uma avenida paralela ao calçadão para chegar até a Torre. A essa altura eu já queria desistir da Torre e ir embora de tão irritado e cansado que estava. Mas o grupo firme e forte, NÃO!!!! Já que estamos aqui não podemos deixar de ir até lá.

Quando estamos chegando, na vera mesmo, vejo uma lanchonete e proponho de imediato um lanche antes de chegarmos a Torre. Fui voto vencido. - Eu quero comer meu pastel, dizia um, - Tu só pensas em comer! Dizia outro. Parecia que havia um complô contra mim.

O dia de ontem tinha havido almoço com vinho e despesas com bebida a noite. Elba fizera a projeção e alertara que não poderíamos manter o ritmo de gasto com alimentação do primeiro dia. Como o grupo tem um fundo, que é diariamente alimentado por todos, uma simples decisão de fazer uma lanche tem que passar pela a aprovação do conselho monetário. É mais ou menos como o centralismo democrático implantado por Lênin e copiado pelos partidos comunistas do mundo inteiro.

Esse fundo é um sucesso. Muito prático e funcional, recomendo a todos os grupos viajantes que o pratiquem. Tem apenas certos inconvenientes, mas assim como na vida, nada é perfeito.

Agüentei o tranco e fomos em frente, sem entretanto deixar de presenciar a derrocada de uma das integrantes do grupo. Norma decidira ficar descansando no gramado, há poucos metros da Torre. Desmaiou de cansada e caiu no sono.

Fotos da Torre aqui >>>>

Pronto. Torre visitada, ânimo redobrado, partida célere em direção aos Pastéis de Belém. No meio do caminho encontramos um Pingo Doce, mercado onde sabíamos que era o local para comprar vinho, pão e queijo para nosso lanche... Calma, o lanche é para quando chegássemos em Lisboa. Arra! Estavas pensando que era pra comer agora?!!!

Comprou-se amendoim, que é sabidamente conhecido como uma substância nutritiva e passadora de fome. Foi saindo do bompreço deles lá, e fui logo rasgando o pacote de amendoim, enchi a mão e meti na boca. O bicho era misturado com pimenta, ruim de doer, mas foi o que salvou a barra.

Os famosos pasteis

Tinha umas mil e quinhentas ( que é conta de mentiroso) pessoas no balcão . Todas as mesas entupidas de turistas. Ou seja, se achasse um espaço disputado à tapa no balcão você era um felizardo. Achei! Pronto fiz uma âncora com o meu braço e lá fiquei fincado no balcão esperando a decisão do conselho monetário. Me passaram o dinheiro, comprei os pastéis e água para todos.

Lá no balcão mesmo, peguei os meus pastéis e emocionado e comecei a comer os bichinhos tentando fazer eles renderem. Ali pensei: só faltava um vizinho de balcão bater no meu cotovelo o pastel emburacar goela a dentro como se fosse uma ostra.

Na volta, para não fugir do ritmo, outra furada. O ônibus que nos levaria de volta a Lisboa, o 15, não chegava nem a pau. A gente em pé ali esperando, já triste e abandonado de cansado, era quase seis horas da noite. Elba disse que se sentia como um torcedor lascado do Santa depois do fim do jogo.

Foram uns quarenta minutos de espera e aí decidimos pegar um outro ônibus que nos deixaria em uma estação de metrô e de lá pegaríamos o metrô e estaríamos em casa.

Foi o que fizemos.

Quando chegamos a Praça do Rossio a sensação de estar perto de casa já nos conforta. Além do mais é tudo muito alegre, grupos de diversas partes do mundo se apresentando nas calçadas, os bares e cafés cheios e aquele barulho de conversa animada tomando conta do ambiente.

Parei para assistir a um show do índios , que a princípio pensei serem norte-americanos. Tinha uma fogueira artificial no meio uma música bonita e a dança deles em torno da fogueira.
Comecei a filmar e aí um português embriagado começou a dançar atrapalhando o show deles. Foi uma onda, quase sai tapa.

Vejam o filme aqui >>>


A noite

No hotel, após o banho e o famoso lanche: vinho, pão (excelente!) e queijo de todas as formas e gostos e tendo descansado até as 21:30, estávamos prontos para ir à casa de fado. Decidimos pela Adega do Machado, uma casa que fica no Bairro Alto.

Para chegarmos a esta decisão foram alguns minutos de consulta aos livros, discussões sobre os prós e contras. Muitos minutos de explicação na recepção do hotel de como chegarmos lá, etc. Decididamente abriríamos mão do Alfama, pois já estivéramos lá ontem. Partiríamos portanto para conhecer o Bairro Alto.

Andamos um pouco até pegarmos os dois táxis – ah! hoje seria de táxi-, Antônio Carlos, Fabiana e Norma em um táxi e eu e Elba em outro. Quando o táxi deles dá a partida, em menos de um minuto, começa a mudar a direção. Paramos para entender o que se passava. O motorista em poucos minutos desfez tudo que havíamos combinado no hotel.

Convenceu o outro grupo a ir para uma outra casa que ficava no Alfama.

Fotos de Tonho da noite em Alfama, clique na imagem abaixo:
Noite Alfama - Fotos de Antônio Carlso Reinaux



Há uma prática que percebi entre o motorista e o restaurante , cada turista que ele leva deve ganhar alguma grana, pois este fez questão de nos deixar na porta do Del Rey, a casa de fado onde passaríamos a noite bebendo vinho e ouvindo um bom fado.

Fomos atendidos pela mesma japonesa que nos recepcionara ontem. Muito ativa e ágil nos conduziu para uma mesa onde poder-se-ia curtir a música.

Mas, para combinar com o dia as coisas não eram bem assim. Primeiro o grupo ao sentar na mesa já estava com 100 euros gastos. Eram 10 pelo show e mais de 10 de consumo obrigatório. Uma exploração arretada.

O de lascar era que vinha um cantor, cantava três músicas e depois iam lá se sentar. Após uma hora, onde obviamente eles esperavam que você consumisse, vinha outro cantor, mais duas ou três músicas e pronto. Foi assim a noite toda.

Decidimos que só consumiríamos os 50 a que fôramos obrigados a gastar. Pedimos uma sopa para cada e um vinho da casa.

Era visível a irritação da japonesa. Elba derramou vinho na toalha , e ela veio limpar dando rabissacas. Norma fez um comentário sobre a sopa de caldo verde – A minha empregada faz uma bem melhor! E pediu-se para esquentar as sopas que estavam geladas.

Bem, era fado e era em Lisboa. Tínhamos que relaxar e curtir.

Veja filme da 1 casa de fado aqui >>>
Veja filme da 2 casa de fado aqui >>>
Veja filme da 3 casa de fado aqui >>>
Veja filme da 3 casa de fado aqui >>>

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